quarta-feira, 7 de maio de 2008

Experimentação na Siemens


Olá,

Tudo bem?

Projetos inovadores tendem a ser essencialmente incertos. A melhor maneira de reduzir essa incerteza é por meio de um processo de experimentação estruturado. Por incrível que pareça, o processo de experimentação se aplica a diferentes empresas de diferentes setores para inovações de produto, processo, serviço entre outros tipos de inovação.
Recentemente a Siemens divulgou uma iniciativa pioneira nesse sentido. A empresa criou um Aeroporto "falso" para testar uma gama de novas tecnologias que deverão estar presentes nos Aeroportos do futuro. A reportagem abaixo detalha essa iniciativa e estimula todas empresas a pensar em como reproduzir tais idéias em seus próprios negócios.
Em se tratando de inovações, não há certo e errado antes de receber o feedback do mercado. A única maneira é antecipar esse retorno antes de implementar o produto, processo, serviço ou modelo de negócio em larga escala.
E na sua empresa, vocês realizam algum tipo de experimentacão? Como tem sido? É algo planejado? Compartilhe conosco.
SDS ESPECIAIS
Max


Em aeroporto falso, Siemens testa novas tecnologias
Assis Moreira
05/05/2008

O gigante industrial alemão Siemens construiu um falso aeroporto, sem aviões e sem passageiros, no interior da Baviera, para testar novas tecnologias para infra-estrutura aeroportuária que quer vender em torno do mundo.
"Bem-vindo ao aeroporto do futuro", exclama o porta-voz Franz Friese, na entrada do Siemens Airport Center (SAC), localizado no discreto vilarejo de Fuerth, a alguns quilômetros da cidade de Nuremberg.
É daqui que o grupo alemão quer se tornar a única empresa a oferecer um pacote completo de soluções para o setor, desde gestão de estacionamentos, check-in com telefone celular, identificação biométrica, esteira veloz de bagagem, controle aéreo, até a redução de consumo de energia.
A Siemens se baseia na realidade de aeroportos cada vez mais congestionados - de aviões, de passageiros e de cargas -, no rastro de liberalização, preços baixos das passagens e mais opções de vôo, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos.
Este ano, 2,3 bilhões de pessoas vão passar nos aeroportos em torno do mundo. Até 2010, esse número pode aumentar mais de 40%. O transporte de carga também cresce 6% ao ano. O gargalo tende a piorar com o reforço das medidas de segurança.
Assim, o negócio de infra-estrutura aeroportuária, estimado em ?13 bilhões de euros globalmente, tende a aumentar rapidamente. A Siemens detém apenas ?1 bilhão de euros desse mercado fragmentado, uma gota d'água no seu faturamento total de ? 72,4 bilhões de euros em 2007.
Para mudar isso, o grupo criou a "divisão mobility" no começo do ano, apoiando-se no Siemens Airport Center (SAC), construído em 2005 numa área de 8.500 metros quadrados, para agrupar diferentes áreas de especializações.
Franz Friese começa a visita pelo momento em que o passageiro chega ao aeroporto. A empresa desenvolve o "Sipark", sistema com sensores no estacionamento que guia o passageiro para as vagas. Em outras situações, as câmeras de TV podem identificar os motoristas de carros usados com freqüência nas instalações do aeroporto. Promete facilitar a gestão, otimizar a utilização dos estacionamentos e reduzir fortemente o tempo gasto pelo motorista na busca de vaga. A versão mais moderna será instalada até 2009 no aeroporto de Munique, com 15 mil vagas.
A segunda etapa é quando o passageiro chega no balcão da empresa para fazer o ckeck-in. A Siemens testa sistemas de identificação por impressão digital e por reconhecimento facial em três dimensões, com dados biométricos. A partir daí, o passageiro será identificado pela impressão ou foto eletrônica por onde passar no aeroporto, até embarcar.
Outra opção é o check-in com o telefone celular. Com um software instalado no aparelho, o passageiro pode ainda da reunião na empresa acionar o celular e obter a carta de embarque, transferida na forma de um código de barras com todas as informações do vôo. Também reserva seu assento. Quando chega no aeroporto, é identificado pelo código de barra já embutido no celular.
Friese admite um problema: será necessário integrar o ckeck-in do celular com a identificação digital. "Imagine que alguém dê o telefone para outra pessoa no bar", argumenta. Ele briga um pouco com as máquinas, coloca o dedo, usa o celular, e só na terceira demonstração é que consegue faze-la funcionar - o suficiente para destacar a tecnologia.
Atualmente, só a Lutfhansa faz alguns testes com essas tecnologias. A Suíça e a Eslovênia usam os sistemas para confeccionar passaportes, por exemplo. O problema é menos técnico que político e econômico. Para serem utilizadas, a União Européia precisa chegar a um acordo sobre confidencialidade de dados. E só tem sentido econômico se forem adotadas em larga escala, por muitas companhias e pelos grandes aeroportos. A Siemens acha também que os Estados Unidos continuarão exigindo cartão de embarque em papel por razões de segurança.
Outras inovações envolvem a etiquetagem da mala, que fica invisível mas é monitorada em todo lugar por internet sem fio.
Onde a empresa espera realmente ganhar mais dinheiro é pelo seu sistema de esteira para bagagem, a parte escondida que os passageiros quase nunca vêem. O sistema integra alta resolução de checagem, direcionamento e rastreamento das malas para os diferentes vôos. Na checagem, os problemas são provocados por chocolate e marzipan nas malas, que o sistema identifica como plástico explosivo em alguns casos.
Um novo terminal no aeroporto de Pequim foi o ultimo grande projeto da Siemens, no valor de ? 170 milhões de euros . A empresa diz ter batido o recorde mundial em fazer a transferência da mala de um avião que aterrissa para outro que vai decolar, em apenas 25 minutos - a metade da média atual.
O terminal em Pequim tem mais de 330 balcões de ckeck-in conectados a um sistema rápido de esteira de 1.300 metros. As malas são transportadas através de um túnel de 2,2 quilômetros, e a operação envolve 20 mil malas por hora.
As concorrentes da Siemens nessa área são a FKI, dos EUA, e a Vanderlande, da Holanda. Juntas, tem 30% do mercado, e o resto são mais empresas locais.
A questão de bagagem ocupou as manchetes recentemente com o caos que a British Airways amargou na inauguração do terminal 5 do aeroporto de Heathrow, em Londres, que custou U$ 8 bilhões para ser construído. Nos três primeiros dias, 20 mil malas não seguiram nos aviões que puderam decolar. Outros 208 vôos foram cancelados.
"Não tivemos nada com isso", avisa logo Friese. Mas poupa a concorrente holandesa Vanderlande. "As câmeras de TV apareceram aqui para explicarmos como se poderia evitar os problemas. Mas o caos em Londres foi administrativo, não do sistema de bagagem". O porta-voz alemão lamenta que "infelizmente o Siemens Airport não tem recebido encomendas importantes do Brasil nos últimos anos".

Valor Online