segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Mais um pouco da Polaroid



Olá,

Tudo bem? Seguimos nossa cruzada para tornar a inovação menos episódica e mais gerenciável. Claro que a inovação sempre terá um componente de imprevisibilidade por sua própria natureza de lidar com o incerto, o inexistente. Ao longo dos últimos 2 anos temos visto casos, práticas bem e mal sucedidas, teorias e ferramentas de inovação.
Na semana passada abordamos na nossa newsletter Innovation Insight o caso da Polaroid, reconhecida fabricante de máquinas de fotografia instantânea. A Polaroid era saudada décadas atrás como ícone inovador e reconhecida por sua capacidade de compreender as necessidades reveladas e não reveladas dos cliente.
Quem nunca escutou aquela estória de que o fundador da Polaroid era um pai de uma menina de pouca idade que depois de tirar uma foto teria perguntado à ele: "mas Pai, não dá pra ver a foto agora?" Daí teria vindo todo o insight criativo para a criação das fotos instantâneas da Polaroid.
Mas e o que aconteceu com a Polaroid? Pediu concordata recentemente. Na Innovation Insight comentamos que a mudança que solapou a Polaroid não foi apenas a ruptura tecnológica, da máquina a filme para a máquina digital. Houve uma mudança no modelo de negócio.
O modelo da Polaroid era baseado na venda da câmera mais a possibilidade de impressão instantânea. No universo digital não há a segunda fonte de receitas. As empresas vendem a câmera e depois não vendem o filme. Não há filme. Ainda nessa direção, a velocidade de inovações incrementais como tela touchscreen, megapixels, e lente são maiores agora do que anteriormente.
O que gerou essa necessidade de mudança no modelo de negócios. A tecnologia?
Analisemos o comportamento do consumidor a partir de um modelo bastante simples e eficaz do Professor Christensen, de Harvard . Sempre pergunte: "what is the job to be done?" ou numa tradução não literal "qual o trabalho a ser feito?". O consumidor não compra produtos. Ele busca soluções para "realizar um trabalho ou resolver um problema".
A realidade é que mudou o "job to be done" dos consumidores de fotografia. O diferencial da instantaneidade que a Polaroid detinha reduziu-se a um atributo de oferta muito pouco relevante.
A foto digital enseja outro comportamento. A prioridade não é mais ter um papel para guardar numa pasta por 30 anos e acessá-lo a cada reunião anual da família. O compartilhamento da foto é muito mais fácil e barato. Com a foto digital o consumidor pode melhorar suas fotos, criar animações e enviar para seus amigos quando quiser. O consumidor agora quer "um maneira barata e fácil de sempre reviver os momentos que passou".
Para atender esse "trabalho a ser feito" a Polaroid precisaria primeiro entendê-lo com maior clareza para então proceder os ajustes necessário ao modelo do negócio. Recentemente a empresa lançou uma impressora portatil para ser utilizada com outros aplicativos (Bom, mas reativo e incremental) e uma câmera com impressão instantânea (não parece mais do antigo?)
Analise o seu negócio. Está havendo uma mudança significativa no "trabalho que o cliente quer realizar"? Se estiver preste atenção.
Não prenda sua empresa numa definição estreita de mix de produto ou "core business".
Pelo que se pode ver das perspectivas de negócios no universo digital, vale a pena Pensar!
Abs
Max

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Produtividade da Inovação na Pfizer


Olá,

Tudo bem? Em tempos de crise as iniciativas de inovação estão sob "fogo cerrado" dos cortadores de custo. De onde mais tirar economias se não do futuro. Claro, assim não sentimos hoje o seu impacto. Mas lá na frente... bom ai encontra-se novas explicações. Infelizmente.

Um exemplo disso é a medida que a PFIZER, reconhecida pelo Viagra, tomou recentemente. Segundo reportagem do Wall Street Journal do dia 14 de janeiro a empresa irá demitir 800 cientistas e técnicos do laboratório, 8% do total. O orçamento de P&D da empresa é de U$ 7,5 bi e, mesmo assim, não tem conseguido lançar novas drogas que compensem a perda de vendas com remédios com patentes a expirar. Enfim, a dona do Viagra parece ter perdido o fôlego da inovação.

Esse caso ilustra com clareza e precisão o que temos abordado sobre a produtividade da inovação.

Não há relação direta entre orçamento de P&D e inovação. Muitas das empresas mais inovadoras, como o caso da Apple, investem menos que seus concorrentes mas obtém melhores resultados. De onde vem então a inovação?

Do domínio das quatro etapas da cadeia de valor da inovação.

Idealização, seleção de experimentos, desenvolvimento e implementação. Se a empresa conseguir ser mais eficiente em cada uma destas etapas ela tende a apresentar melhores resultados de produtividade da inovação. Cada etapa apresenta desafios e por consequencia, demanda políticas e diretrizes diferentes. Além disso, as políticas de cada etapa precisam estar alinhadas com a estratégia de inovação da empresa que por sua vez deve estar conectada a estratégia geral da organização.

Esqueça o número de pesquisadores e o orçamento de P&D. Se você quiser avaliar o potencial de inovação de uma empresa analise suas práticas e políticas para cada uma das quatro etapas.

Quem sabe você consiga ajudar a renovar o fôlego da inovação na sua empresa. A Pfizer agradece.

abs
Max
P.S- Se você quiser ler o artigo Dominando a Cadeia de Inovação envie email para innoscience@innoscience.com.br ou acesse www.innoscience.com.br

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Retomando as Ideias - Inovação como Capacidade Organizacional


Olá,

Tudo bem? Começamos o ano de 2009 com algumas novidades.
Idéia, algo tão importante na economia da inovação passou a ser ideia. Não que essa mudança de acentuação aborde o próprio conceito.
Outra novidade diz respeito a um dos mestres da inovação, Steve Jobs, CEO da APPLE, empresa que mais de uma vez abordamos no innovation insight e aqui no Blog. Ele fez um comunicado ao mercado nessa segunda feira, 5 de janeiro de 2009 informando os motivos que o levam a perder peso. Mas o que isso tem de inovação? Nada, com certeza.
No entanto, Jobs somente se manifestou à respeito em função dos rumores de mercado sobre sua saúde, eventual saída do comando e, por consequência, risco de desaceleração do motor de inovação da empresa. A Apple seria a mesma sem Jobs? É a pergunta dos analistas.
Uma empresa que investe bilhões de dólares em inovação por ano, com ótimo track record no assunto não incorporou a inovação como capacidade organizacional? É sabido o nível de influência de Jobs no processo de inovação da empresa sendo que algumas das características do processo são derivadas da sua própria personalidade e experiências com a própria Apple. Então seria apenas rumores de analistas de mercado que desconhecem a dinâmica de inovação numa grande empresa e desconsideram os processos e pessoas envolvidos?
A estratégia que a Apple irá adotar daqui por diante frente a essa situação transita entre a formação e exposição de novas lideranças como o VP que irá realizar a apresentação na MacWorld 2009 até ensinar o mercado de que a capacidade de inovação da empresa não é dependente de um Cérebro privilegiado. Ela está inserida nos músculos e articulações da empresa, tonando-se um hábito.
Essa situação apresenta oportunidades de aprendizado. É natural que em determinadas organizações o processo de inovação seja administrado por um grupo de pessoas ou inclusive um CEO como Jobs mas é preciso que a inovação seja uma capacidade organizacional, entranhada no modo de fazer negócios. Como pode-se perceber até os analistas de mercado estão cobrando uma postura desse tipo...
Abaixo transcrevemos direto do Wall Street Journal a mensagem de Jobs a imprensa.
O que você tem de experiências sobre o tema? Compartilhe conosco.

Abs
Max


Dear Apple Community,

For the first time in a decade, I'm getting to spend the holiday season with my family, rather than intensely preparing for a Macworld keynote.

Unfortunately, my decision to have Phil deliver the Macworld keynote set off another flurry of rumors about my health, with some even publishing stories of me on my deathbed.

I've decided to share something very personal with the Apple community so that we can all relax and enjoy the show tomorrow.

As many of you know, I have been losing weight throughout 2008. The reason has been a mystery to me and my doctors. A few weeks ago, I decided that getting to the root cause of this and reversing it needed to become my #1 priority.

Fortunately, after further testing, my doctors think they have found the cause -- a hormone imbalance that has been "robbing" me of the proteins my body needs to be healthy. Sophisticated blood tests have confirmed this diagnosis.

The remedy for this nutritional problem is relatively simple and straightforward, and I've already begun treatment. But, just like I didn't lose this much weight and body mass in a week or a month, my doctors expect it will take me until late this Spring to regain it. I will continue as Apple's CEO during my recovery.

I have given more than my all to Apple for the past 11 years now. I will be the first one to step up and tell our Board of Directors if I can no longer continue to fulfill my duties as Apple's CEO. I hope the Apple community will support me in my recovery and know that I will always put what is best for Apple first.

So now I've said more than I wanted to say, and all that I am going to say, about this.

Steve


Source: Apple