quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Entrevista com Gary Hamel


Pessoal,

Segue um pequeno trecho da entrevista de Gary Hamel ao The Mckinsey Quarterly recentemente publicada (2008/1 !!!). Gostaria de receber comentários e críticas de vocês sobre a visão do notável Guru.

"...Durante quase 20 anos, eu tentei ajudar grandes empresas a inovar. E apesar de muito sucesso nessa trajetória, eu muitas vezes me senti como se estivesse tentando ensinar um cachorro a andar em duas patas. Claro, se você coloca as pessoas certas na sala, cria os incentivos corretos e elimina as distrações, é possível criar muitas inovações. Mas no momento em que você vira as costas o cachorro volta a ficar de quatro, porque ele possui um DNA quadrupede e não um DNA bípede. Assim, ao longo dos anos, se tornou cada vez mais claro para mim que as organizações não possuem um DNA de inovação. Elas não possuem um DNA de adaptação. Esta constatação me levou de volta a uma questão fundamental: Para resolver qual problema foi a Gestão inventada? Quando você lê a história da Gestão e de pioneiros como Taylor, você se dá conta que a Gestão foi criada para solucionar um problema muito específico - como fazer as coisas perfeitamente replicáveis, em escalas cada vez maiores e com contínuo aumento de eficiência. Agora há uma nova gama de desafios no horizonte. Como você constrói organizações tão agéis como a própria mudança? Como você mobiliza e obtém resultado a partir da imaginação de todo o colaborador todos os dias? Como você cria organizações que são lugares altamente envolventes para se trabalhar? Esses desafios não podem ser suplantados sem reinventar o nosso modelo de Gestão de 100 anos".

Bignetti

11 comentários:

Rosana disse...

Tenho claro para mim que o "cachorro de manterá em 2 patas" quando o comprometimento dos colaboradores e a não necessidade de gestão controladora estiver presente nas organizações. A inovação por si só não vem da repressão e da padronização dos processos. A flexibilidade oferecida ao colaborador será o diferencial para a cultura da mudança, sendo este um gerador de satisfação e reconhecimento.

Anônimo disse...

Concordo com o Gary Hamel, quanto coloca que o modelo de gestão aplicado na maioria das organizações esteja ultrapassado, não propiciando um ambiente de inovação, mas discordo quanto às empresas não possuírem um DNA de adaptação. Com o mercado tão agressivo, as empresas precisam se adaptar quase que diariamente as mudanças, sejam elas tecnológicas, de processos, ou alguma outra.
Acredito que o DNA de adaptação não esteja diretamente relacionado com o DNA de inovação, pois as empresas podem se adaptar as mudanças sem serem inovadoras. Agora as empresas que são inovadoras, fazem com que as demais sejam obrigadas a se adaptar, ou correm o risco de desaparecer.

Miguel Knebel disse...

DNA compare-se com cultura.Mudança
forte de cultura não tende a ser absorvida fácil,então persistência
e insistência ,agregados a incenti-
vos precisarão de tempo ,mas a mu-
dança pode chegar.

Unknown disse...

Ao meu ver as empresas se contradizem quando tem o intuito de criar ambientes para inovação e ao mesmo tempo tem como base modelos de qualidade que pregam a padronização das atividades. Os modelos de qualidade são úteis sim, mas como tornar dinâmica uma empresa imersa na buracracia? Muitas empresas pregam uma identidade de dinamismo, de empresa orgânica, mas não o são. A burocracia hieráquica já foi rompida e hoje as empresas são muito menos verticalizadas, porém a de se ficar atendo a buracracia na padronização do trabalho. Se a inovação é o que a empresa busca a flexibilição destas regras é o que dará condições para isso.

Taty disse...

Acredito que a rapidez com que se processam as mudanças na contemporaneidade é um dos fatores que tem colocado sérios desafios à sobrevivência das empresas. Elas não só precisam se preocupar com as rápidas flutuações do mercado como também com a cultura disseminada em sua própria corporação, em relação ao ambiente de trabalho que promovem e os valores que praticam enquanto gestão. Parece haver, nesse sentido, necessidade de desenvolver tanto um olhar atento às mudanças que se processam fora da organização, quanto em relação à qualidade dos processos internos de gestão e colaboração. A inovação, vista sobre este prisma, pode ser bem mais do que uma atitude de gestão ou de um grupo de colaboradores, mas potencial de tornar-se alicerce imprescindível para o desenvolvimento de uma nova maneira de lidar com a velocidade das mudanças contemporâneas.

Farlei disse...

Reinventar é a palavra chave do texto. Hamel afirma que as empresas sim, são capazes de inovar, mas tem dificuldades de manter isso no dia-a-dia, na "cultura"!

O que é necessário é reiventar a gestão, e na minha opinião isso deve ser feito desde a formulação dos cursos de administração. Uma nova geração de "Taylors" deve ser formada, mas agora com a genialidade voltada para a adaptação, para a capacidade de inovar em um mundo que muda tão rapidamente.

Rosana disse...

Hoje assisti a um seminário de inovação....mostrava a tendência tecnológica para os próximos 10 anos...muitos cientistas estudaram e propuseram tecnologias que deverão estar disseminadas em pelo menos 50% da população...No entanto, quando questionados sobre como influenciavam os órgãos de fomentos para apoiar as empresas nesta direção, informaram não possuir qualquer propriedade ! Acredito que o retorno no ambiente para inovação se dá também pela falta de recursos financeiros que apoiem esta direção...e assim o cachorro voltará a andar de quatro patas... !

Eduardo Sauner disse...

Talvez o meu comentário esteja um pouco atrasado, mas eu penso que tem um outro fator, além da cultura das empresas, que também "trava" a inovação: as pessoas. A cultura (da empresa ou do intelecto) é criada e mantida pelas pessoas. Já vi muitos lugares onde as pessoas é que acabaram com um ambiente inovador por serem extremamente sectárias. Da mesma forma, existem muitas pessoas que são tão inovadoras que conseguem mudar o ambiente onde elas estão, mesmo que este seja conservador. Logicamente que, cada caso é um caso, às vezes isso leva tempo. Mas acho que nunca podemos nos esquecer de que a cultura de uma empresa apenas reflete atos presentes ou passados das pessoas que as idealizaram ou que as gerenciam. Antes de mudarmos uma cultura "atrasada" de uma empresa, acho que precisa-se mudar primeiro as pessoas responsáveis por ela.

Unknown disse...

Na minha opiniao as pessoas no Brasil de uma forma geral não são instigadas a pensar em inovação e inovar. Sendo assim, concordo com Gary Hamel quando ele fala sobre ter o DNA. Ensinar inovação e criar ambientes propicios a isto ajuda muito no processo, porém, pessoas aptas a realizar tais atividades são fundametais.
Whillian

Rudy Höltz disse...

Concordo com o comentário do Marcos, sem adaptação as empresas desapareceriam - a própria existência é uma prova de sua capacidade de adaptação. Também concordo com o Lima que levanta a questão do conflito entre inovação e qualidade. Mas o ponto focal foi levantado pela Rosana, o país precisa de inovação e sem uma política adequada de incentivos os empresários seguem o caminho mais conservador, adaptando-se mais do que inovando.

Anônimo disse...

Certamente o posicionamento de Hamel retrata cada vez mais o novo ambiente organizacional das próximas décadas, porém eu particularmente acredito em mudança de DNA organizacional para inovação. Referencio a obra de BARBIERI e SIMANTOB (2007) Organizações Inovadoras Sustentáveis, pois vivenciei essa realidade de adaptação de DNA antiga CRT por 7 anos, a qual passou por uma mudança total de estrutura, estratégia e formas de inovação em gestão por times de otimização de resultados, quando da entrada da Brasil Telecom no controle acionário. Diversas transformações possibilitaram à BrT ser uma organização inovadora, e tendo DNA claramente modificado e percebido por todos colaboradores. O mais surpreendente é que há 9 anos atrás a BrT não passava de uma máquina estatal modelada burocraticamente. No meu ponto de vista as demais Operadoras no Brasil tiveram esta oportunidade com a privatização, porém a inovação a partir de mudança de DNA somente a BrT está continuamente perseguindo.